...Agora, pela terceira vez desde que saíra do hospital, abriu o livro dela e leu a breve dedicatória da página de guarda. Escritas a tinta, em alemão, numa letra pequena, desesperadamente sincera, liam-se as palavras: «Meu Deus, a vida é um inferno.» Nada antes, nem nada a seguir. Solitárias na página, na quietude doentia do quarto, as palavras pareciam assumir a dimensão de uma máxima incontestável, clássica até. X ficou de olhos pregados na página durante vários minutos, tentando, contra ventos e marés, não ser arrastado.
J.D Salinger, Para Esmé - com Amor e Sordidez