O Jipe Branco

9.11.06

 

Os sonhos filmes dela

são todos lânguidos sonhos debaixo de uma capa de água. Imagina dois, três corpos. De mulher. Não, de homem. Não, esquece os corpos e imagina o que quiseres, desde que tenha território. Agora destitui-lhe o território, confere-lhe vontade, boca, mãos. Isto, à meia-luz da rebentação.
À meia-luz?
À bruta-luz.
Um canto de uma espelunca limpa e vazia, em madeira, pode estar brutalmente coberto de água.
Com gente se amando por baixo. Se amando porque numa evocação tão primordial não se lhes ocorre fazer outra coisa, outra para além da de se amarem indiscriminadamente, como de resto, quiseram toda a vida. Vontades intactas. As Vontades Intactas afundam-se.

Que fazer enquanto tudo arde? Oh, mas esta cortina de água não tem nada de cataclismo, a água não vai ter tudo. Não está sobre, está por. Envolve. Líquido amniótico com rebentação. Azur.

E o olhar atento dela sobre a água. Ninguém ali se dá ao luxo exacerbado de representar. Nunca representariam. Não há actores. Mentira. Ainda assim, irreveláveis debaixo do manto líquido se entregam. E se outro chega, todo em silêncio e mestria e suavidade é conduzido por ela, para se juntar ao mar. Aos outros.

- E sem estranhar, devoramo-nos com a lentidão sôfrega dos que se sabem merecidos.

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